Denúncia de racismo religioso: Ebomi constrangida em aeroporto recebe apoio do Conselho de Igualdade Racial do CE

O Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial do Estado do Ceará (Coepir/CE) lançou uma nota de apoio e solidariedade à Ebomi Lindinalva Barbosa, do Terreiro do Cobre (Bahia), o caso foi debatido em reunião do Coepir e Secretaria da Igualdade Racial do Ceará (Seir) nesta quinta-feira (12).

De acordo com os fatos apresentados pelo presidente do Coepir e representante do Movimento Negro Unificado (MNU), Lipe da Silva, Lindinalva relatou ter sido vítima de racismo religioso na última segunda-feira (9/12). O fato se deu no Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza, ao ser constrangida por funcionários do local a ter sido obrigada a retirar o torço (turbante) e contas religiosas, mesmo após ter passado pelo detector de metais e ter suas malas vistoriadas e nada incomum ter sido apontado.

A ação foi considerada pelo Conselho como um “nítido ataque ao seu pertencimento étnico e religioso, movido pelo preconceito contra as religiões de matriz africana”. Lindinalva é servidora pública aposentada, ativista do movimento negro e estava no Ceará como palestrante no evento “Samba de Axé Levanta Terreiro”, promovido pelo Coletivo Ofá Omí.

Em entrevista à Igba Agência, o presidente do Coepir, Lipe Silva, disse que foi realizado o contato inicial com o coletivo Ofá Omi, instituição que está no apoio e acolhimento direto à Ebomi Lindinalva Barbosa. Aém da deliberação em plenária do Coepir com a Seir, o Conselho vai formalizar o ocorrido na Delegacia de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Intolerância Religiosa ou Orientação Sexual (Decrin), delegacia especializada do Ceará.

Confira a nota na íntegra

Nota de solidariedade do COEPIR-CE à Ebomi Lindinalva Barbosa, do Terreiro do Cobre – BA.

O Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial do Estado do Ceará vem por meio desta manifestar o seu total apoio e solidariedade à Ebomi Lindinalva Barbosa, do Terrerio do Cobre – BA, vítima de racismo religioso no Aeroporto Internacional de Fortaleza Pinto Martins. Ebomi Lindinalva é referência nacional nas lutas por direitos dos Povos Tradicionais de Matriz Africana e de Terreiro e esteve, no último dia 7/12, em Fortaleza, participando da atividade “Levanta Terreiro”, promovida pelo Coletivo Ofá Omi.

No dia 9/12, ao retornar para Salvador, ela foi constrangida por funcionários do Aeroporto Internacional de Fortaleza a retirar seus trajes tradicionais e contas religiosas, em nítido ataque ao seu pertencimento étnico e religioso, movido pelo preconceito contra as religiões de matriz africana, evidenciando a urgência de construir ações de enfrentamento a essas práticas racistas que, infelizmente, ainda são cotidianas no nosso país e nos nosso Estado.

É importante destacar que racismo é crime e que o ato de intolerância religiosa é também tipificado na lei 7.716/1989. Reafirmamos nosso irrestrito apoio e solidariedade à Ebomi Lindinalva e colocamos o COEPIR à disposição, destacando o encaminhamentos de nossa última reunião ordinária, em 11/12, para o acompanhamento do caso, junto à DECRIN e todos outros órgãos públicos responsáveis, para que respostas efetivas sejam dadas para o enfrentamento a essa e a outras violências que afligem os Povos de Terreiro no Ceará.

Lipe da Silva Oliveira
Presidente do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial

Sepromi/BA

A Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais da Bahia (Sepromi) também se manifestou em solidariedade a Ebomi Lindinalva. Segue nota: “A Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais da Bahia (Sepromi) expressa total solidariedade à Ebomi Lindinalva Barbosa. Uma das maiores referências da cultura afro-brasileira, ativista contra a discriminação dos povos de Candomblé, Lindinalva foi vítima de um ato de intolerância religiosa no Aeroporto de Fortaleza. O ocorrido, motivado por preconceito e hostilidade contra seus trajes tradicionais, reforça a urgência do combate ao racismo e à intolerância religiosa no Brasil.

Ebomi Lindinalva, integrante do Terreiro do Cobre, em Salvador, seguirá com o registro de ocorrência nos órgãos competentes e o Governo da Bahia, através do Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa Nelson Mandela (CRNM), órgão vinculado à Sepromi, acompanhará os próximos passos e dará todo suporte necessários para a líder religiosa.”

Nota da Fraport

Em nota, a Fraport Brasil, responsável pela administração do aeroporto, informou que Lindalva não foi impedida de embarcar e que todo o atendimento do aeroporto foi realizado com “respeito e educação”.

Disse ainda que a passageira fez registros de imagens de local proibido, se recusando a apagá-las e, por esse móvito, foi abordada pela Polícia Federal para que apagasse o vídeo antes de seguir viagem.

Ressaltou também que a empresa é “absolutamente contrária a qualquer espécie de constrangimento ou discriminação de qualquer tipo e zela pelo cumprimento das normas de Segurança da Aviação”.

Veja o vídeo divulgado pelo Terreiro do Cobre:


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