A exposição ‘Festa, Baia, Gira, Cura”, de Jean dos Anjos, estreia nesta sexta-feira (20), na multigaleria e espaços alternativos do Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ). O lançamento da exposição em seu território de origem foi pensado desde o princípio da montagem, conforme aponta artista expositor, Jean dos Anjos, que elaborou toda a criação das peças a partir da vivência do terreiro Cabana do Preto Velho da Mata Escura, Ilê Asé Ojú Oya, de Pai Valdo de Iansã, localizando no Bom Jardim. A exposição será aberta às 18h.
“Festa, Baia, Gira, Cura” nasce da historicização do terreiro homenageado. O título surge a partir de elementos primordiais nas celebrações afroameríndias e das vivências do pesquisador. São apresentadas fotografias e materialidades das festas e rituais do terreiro, com enfoque especial para a festa da Rainha Pombagira Sete Encruzilhadas e Exu, a qual ele acompanha desde 2013.
“Festa Baia Gira Cura agora está em seu território. Termina um ciclo e começa outro. Ao Babalorixá Valdo de Oyá e à sua casa todo o meu respeito e a minha admiração. Ao Centro Cultural Bom Jardim meus agradecimentos. Nós vamos longe! Laroyê!”, comemora Jean dos Anjos.
Dividida em quatro núcleos, a exposição mostra a riqueza da cultura dos terreiros, bem como a resistência dos povos de terreiros na busca pela preservação da memória da umbanda e do candomblé, bem como a luta dos seus praticantes pelo fim do racismo religioso.
A curadora, expografista e coordenadora, Marília Oliveira também comenta sobre a experiência com o sagrado nas artes. “Toda vez que se entra em um terreiro é chance de aprender. A umbanda não se ensina só explicando, mas pela intuição e observação. Ao adentrar a exposição, saiba que é no tempo (e no templo) do sagrado que está pisando. Em Festa Baia Gira Cura se permita abrir os olhos pra ver – escolhendo também as horas de silêncio e olhos fechados, coisa que este Jean dos Anjos, filho do vento, da moça e da macumba, faz.
Para Marília, a obra de Jean dos Anjos é, sobretudo, um exercício de respeito e de escolha: “abaixar a câmera, manter distância, cerrar a vista É assim que surge o clique. É assim que se fotografa o mistério”.
A exposição foi lançada no Centro Cultural Dragão do Mar, em 2023 e contou com 25 mil visitantes e agora chega em seu território de origem, no Bom Jardim, especialmente ancorando sua riqueza no CCBJ. Ambos equipamentos culturais integram a Rede de Equipamentos Culturais do Ceará (Secult).
“A visibilidade da exposição foi importante tanto para nós, fortalezenses, como para o público turista, porque mostra que temos cultura de terreiro, além de subverter a invisibilidade”, comenta o artista Jean dos Anjos.
FESTA, BAIA, GIRA, CURA NO CCBJ
A exposição “Festa, Baia, Gira, Cura”, fruto de 20 anos de pesquisa do antropólogo Jean dos Anjos, que conduz o público a uma imersão pela história das festas da umbanda e do candomblé no Ceará, com destaque para o terreiro de Umbanda e Candomblé Cabana do Preto Velho da Mata Escura | Ilé Àse Ojú Oya, chega ao Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ), nesta sexta, (20).
A exposição estará aberta no CCBJ por dois meses (setembro a novembro), das 16h às 19h e tem classificação indicativa livre.
SOBRE O ARTISTA
Jean dos Anjos é antropólogo, professor, pesquisador, fotógrafo e trabalhador da arte. Pesquisa religiões de matriz africana há 20 anos, é doutorando em antropologia e recentemente lançou o livro de sua dissertação: “Amor, festa, devoção: a Rainha Pombagira Sete Encruzilhadas”
SERVIÇO:
Exposição: “Festa, Baia, Gira, Cura”, Jean dos Anjos
Data de abertura: 20/09
Horário: 18h
Período da exposição: 2 meses
Horário de Visitação: terça a sexta, 14h a 19h
Formato: Presencial, Multigaleria e alguns espaços alternativos, com Banner e pintura
Classificação indicativa: Livre.
Ficha técnica
Fotografia e pesquisa: Jean dos Anjos
Coordenação e expografia: Marília Oliveira
Curadoria: Marília Oliveira e Rafael Escócio
Consultoria: Pai Valdo de Iansã
Montagem: Tomaz Maranhão
Produção: Jean dos Anjos e Marília Oliveira
Imagens realizadas no terreiro Cabana do Preto Velho da Mata Escura, Ilê Asé Ojú Oya

