A cultura alimentar e a tradição da comunidade quilombola cearense Conceição dos Caetanos, localizada em Tururu, foram transformados por Joélho Caetano, criador do sorvete de farinhada, lançado no último domingo (14), no Complexo Cultural Estação das Artes, em Fortaleza.
“Foi uma ideia que eu propus para aproximar a cultura alimentar da minha comunidade. Eu vi a oportunidade de colocar em prática minha pesquisa através do Laboratório de Criação da Escola de Gastronomia Social, onde eles abraçaram a causa e viram meu potencial, me deram todas as ferramentas para criar algo novo. Junto com meu mentor, a gente conseguiu fazer uma receita de sorvete gostoso, o mais artesanal possível, com produtos que a gente consegue pegar ali na terra”, afirma Joélho.
O novo sabor foi inspirado na cultura alimentar da comunidade quilombola que Joélho participa e vive a cultura da mandioca diariamente. Em Conceição dos Caetanos existem seis casas de farinha ativas e o sorvete traz o gosto, a identidade e a crocância dessa farinhada. O produto será comercializado pela Bellucci Gelateria, loja parceira do trabalho.

Laboratório de Criação em Cultura Alimentar e Gastronomia
O sorvete foi desenvolvido durante a 6ª edição do Laboratório de Criação em Cultura Alimentar e Gastronomia, da Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco (EGSIDB), espaço da Rede Pública de Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura do Ceará, gerido em parceria com o Instituto Dragão do Mar.
O foco da pesquisa foi o estudo e o registro da cultura alimentar do território e a criação de um sorvete que representasse a comunidade. Inspirado pela forte presença da agricultura familiar, notadamente nas farinhadas tradicionais. No Laboratório de Criação, junto com o professor e chef Bruno Modolo, o mentor, e Afra Colodette e Andrea Bellucci, idealizadores da Bellucci, Joélho chegou a receita que traz mandioca na base, farofa de rapadura, coco e manteiga da terra. O projeto contou ainda com a parceria do Mestrado em Gastronomia, da Universidade Federal do Ceará, para a realização da avaliação sensorial.
Vanessa Moreira, coordenadora de cultura alimentar da EGSIDB, ressalta que o fortalecimento da cultura alimentar, ferramenta de luta pela terra, segurança e soberania alimentar, se efetiva no Laboratório de Criação quando apresenta um produto da sociobiodiversidade que conta a história de um território, evidencia práticas alimentares e estimula o consumo local.

